"O PS quer proibir os menores de 18 anos de fazer tatuagens, colocar piercings e aplicar maquilhagem definitiva. O projecto de lei, ontem apresentado para assinalar o Dia Internacional do Consumidor, prevê, ainda, a proibição, extensiva a todas as idades, de piercings na língua, na boca e noutros locais considerados de maior risco."
Permitam-me que desabafe a minha indignação. Pensei que este tipo de proibições estava destinadas à entidade patronal, aos eternos educadores, aos pais! Mas pelos vistos, tentou assinalar-se o Dia Internacional do Consumidor com a proibição mais ridícula feita até hoje desde a aparição da democracia. Um verdadeiro atentado à liberdade de expressão e à condição humana. Qualquer imposição do foro estético que se faça numa sociedade de direito deve ser punida com a inteligência democrática a que fomos habituados desde 1974. "Aqueles que negam liberdade aos outros não a merecem para si mesmos." (Abraham Lincoln) É idignante, revoltante, que um deputado, um governante queira impor e regular o “gosto” ou a “estética” com uma lei que apenas atenta contra o mais básico dos direitos humanos. O mesmo será dizer que vai ser proibido o uso do chapéu, ou o uso da mini-saia em locais de trabalho. Façamos então um manifesto estético que proíba o uso dos estampados e dos motivos florais em camisas masculinas. E já sei! Claro. Todas as pessoas viúvas devem usar cores escuras. E já agora. Melhor ainda. Sr. Deputado. Ocorreu-me algo melhor. Talvez seja já altura de as mulheres começarem a usar burqa para poder circular na via pública. Sr. Deputado. Eu tenho piercings! "A liberdade não tem qualquer valor se não inclui a liberdade de errar." (Mahatma Gandhi). Considero-me uma pessoa formada e informada. Quando fiz os piercings foram-me informadas as consequências, foi-me mostrado o material esterilizado e tive que assinar um documento assumindo a responsabilidade da minha decisão. Se quer evitar que as pessoas escolham livremente onde por os “brincos”, gaste o dinheiro do seu ministério e a sua saliva demagoga em acções de formação e explicação dos malefícios (nenhuns provados até então) dos piercings. Dê opção às pessoas de decidirem o rumo estético que querem dar à sua vida depois de todo o conhecimento médico/cientifico que conseguir reunir com a sua equipa de investigação. Mas deixe-se de imposições e demagogias próprias de um regime fascista. "A liberdade diminui à medida que o homem evolui e se torna civilizado." (Salazar).
Neste momento encontro-me a trabalhar
Sr. Deputado, queira dedicar o seu tempo a coisas que realmente beneficiem o consumidor, e o protejam da vólupia das macroeconomias. Mas deixe-se de ridículas sugestões que só fazem com que cada vez mais um português tenha vergonha do seu país. Sr. Deputado. Não nos envergonhe mais. Não se pode ter uma economia estável, com uma sociedade estigmatizada e envergonhada dos seus líderes. Não se pode crescer na sociedade económica europeia, quando, no século XXI ainda consideramos que podemos condicionar a vontade dos outros.
"Tudo que é realmente grande e inspirador é criado pelo indivíduo que pode trabalhar em liberdade." (Albert Einstein)
Sr Deputado… “deixe-nos trabalhar!”