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Os seus gestos denunciavam as memórias agrestes que o tempo insiste em recordar e as palavras proclamavam a mágoa guardada na cinza dos sonhos.
Caminhava quase invisível aos olhos, indivisivél dos passos marcados no chao com o desalento próprio dos resignados e cansados de lutar.
Nos sorrisos eminentes do seu rosto entregue ao sofrimento, apenas via um espasmo de comoção às palavras queimadas entre a entropia das tertúlias riscadas sobre um balcao de copos sujos.
Sem que deixe perceber, rodeio o seu olhar obtuso com constantes imagens pintadas de sonhos de crianças, e histórias coloridas com raminhos de hortela.
Talvez ela não saiba, mas as lágrimas, quando olhamos o sol, criam um arco-iris na retina e fazem-nos acreditar no voo dos tritões e das sereias guardados no fundo do mar.
Talvez ela não saiba que mesmo a mais escura das sombras esconde o relexo de uma luz gigante que nos aquece quando deixamos de acreditar.
Talvez ela não saiba... Ou talvez ela não queira saber.